Como cena rave se consolidou após a separação da cena clubber.

Publicado 28 de julho de 2016 | Por Felipe Valente | News

Por Alexsandro Bueno Jr.

Atualmente, se tratando de eventos de música eletrônica, os festivais pouco são influenciados por elementos inerentes aos clubes, assim como o contrário também é comum. Porém nem sempre foi assim. A cena clubber tem seu início praticamente junto ao começo da música eletrônica, enquanto as chamadas raves aparecem posteriormente. Sendo a partir destas festas que o estilo musical começa a deixar de ser considerado algo marginal e passa a ganhar cada vez mais adeptos em todo o mundo, até chegar aos dias atuais onde possui um enorme número de apreciadores por todos os continentes.

A música eletrônica se mostra, atualmente, muito presente no gosto popular. Especificamente falando dos países europeus, ela é muito consumida. Mas nem sempre foi assim. Tomemos como exemplo Londres, hoje uma das capitais mundiais do universo de emusic, foi o berço desenvolvedor da cena rave mundial e, mesmo assim, já foi uma cidade onde o estilo era pouco aceito.

De Londres, com uma contribuição de Ibiza, para o mundo.

Em uma realidade preconceituosa dos anos 1980, o consumo de um subproduto do gueto era muito desconfortável a uma grande parcela social. Nessa época grande parte da juventude inglesa, contemporânea ao pós-punk, não tinha nenhum movimento que a representasse, porém quando alguns desses jovens passavam férias em Ibiza, na Espanha, encontraram as condições para forjar as origens da cena rave. Eles indexaram o house, que era tocado nas boates para gays negros de Chicago, com a cena clube presente na Inglaterra, e isso deu origem ao que viria ser chamado de acid house.

O acid house foi o gatilho inicial para a consolidação da cena rave. É neste período começa uma separação dos clubes, e as raves iniciam seu firmamento cultural. Embora muitos autores não fazem diferenciação alguma da cena rave com a cena dos clubes enquanto acid house, THORNTON (1996) evidencia que enquanto as raves exploravam novos locais e sensações ao seu frequentador, os clubes continuavam nos mesmos lugares já previsíveis. Sendo isso um dos principais aspectos que ajudou a alavancar o crescimento destas festas e sua separação da cena clubber.

Além disso, em seu começo, a música eletrônica era muito atrelada aos clubes. A partir da introdução das festas rave em seu meio, esse estilo musical começa a sair do gueto dos clubes e diminui-se a marginalização que era a ele associado.

A rave evolui e se subdivide

O tempo foi passando e as festas rave se distanciaram totalmente dos clubes de Londres, com isso foram ganhando cada vez mais adeptos.

Com o aumento do público frequentador, as festas passaram a receber mais investimentos e a se profissionalizar. Sendo assim, ocorre um crescimento na aplicação de capital e todos os setores que formam uma, sendo assim as festas se beneficiam e evoluem. Com a consolidação desse cenário musical, evoluem os métodos de formulações das festas. E começa a surgir os pesquisadores da área definem como subvertentes das festas rave.

Essas subvertentes nada mais seriam do que categorias das festas, sendo elas: os festivais comerciais, undergrounds e os ao ar livre. No primeiro caso, são os grandes espetáculos que um alto investimento pode oferecer, neles são encontrados atrações de renome mesmo fora da cena eletrônica (geralmente de EDM), pois, atualmente, contam com investimentos estratosféricos. Já as festas do tipo underground são totalmente o oposto, seriam aquelas de baixíssimo orçamento, feitas em locais abandonados com pouca divulgação (geralmente boca-a-boca). E por fim, as raves ao ar livre são aquelas que prezam pelo contato com a natureza, sendo elas realizadas em chácaras, fazendas e praias.

Essa diferenciação foi feita no começo da consolidação da cena rave, onde os festivais comerciais começam a ganhar mais investimentos que os outros tipos. Porém, atualmente, o que há é uma mescla destas subvertentes na maioria dos festivais. Alguns ainda ocorrem como no seu inicio ocorrendo nos moldes de sua origem, mas são muito poucos. O que há é uma grande miscigenação e o que diferencia uma rave como comercial, underground ou ao ar livre, são os elementos destas vertentes que mais se sobressaem em sua formulação.

A cena rave atual 

Contudo, Adriana Amaral (2006) nos ajuda a definir um patamar da e-music atual, ela entende a música eletrônica como uma subcultura da sociedade atual. Logo, entende-se a festa rave como consequência da difusão de uma nova cultura em um contexto de juventude que buscava escapar de uma realidade repressora dos anos 1980. Esses jovens, então contemporâneos a uma realidade pós-punk, começariam, mesmo que não intencionalmente, um novo movimento. Começa, a partir daí, uma nova cultura, originada com base na música eletrônica, a cultura das festas rave.

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