Quais cuidados os DJs devem ter ao executar um long set? Saiba pela perspectiva de Acid Guys

por Mia Lunis

Focados na experimentação, o duo Acid Guys, projeto formado por Rafael Pedroso e Junior Cyrino, vem trazendo sets recheados de elementos psicodélicos e bem fundamentados. Em uma construção robusta, que tira o fôlego de qualquer pista de dança por onde deixam sua marca, o duo nascido em Itapira, São Paulo, vem se estabelecendo com apresentações únicas mesclando House e Techno. 

Não é tarefa simples para nenhum artista criar uma identidade sonora, especialmente quando o assunto é DJ set. O mercado fonográfico é diverso e quase infinito em possibilidades, então, o artista se desdobra, e aprende a construir, ao mesmo tempo que se desconstrói no processo de composição, pesquisa musical e mixagem. E isso é só o começo da jornada.

Versatilidade e criatividade são quesitos fundamentais na construção da famosa vibe, e o duo Acid Guys, que já passou por algumas das melhores pistas de São Paulo, mostram que adaptação é um exercício diário; não apenas nas apresentações, mas para a vida. E essa é uma das mensagens mais potentes que um artista pode passar. 

Há algumas semanas, em agosto, o duo passou pelo palco do Anacã Festival, em Altinópolis, São Paulo, performando um set com duração de 5h, das 23h às 04h; hoje, então, a nosso convite, eles nos contam um pouco sobre sua jornada na criação de um long set em detalhes, ótimo para você que também irá se preparar para um em algum momento da carreira:

Experiência no Anacã Festival

Tocar no palco Cosmic Space da Anacã é um grande desafio para qualquer artista. Diferente do que acontece nos grandes festivais em que os palcos tem estilos muito segmentados, a Anacã explora em seu palco alternativo a diversidade musical. São três dias de música nonstop dos mais diversos estilos e tomamos a liberdade de levar esse contexto de diversidade para dentro do nosso set também.

Em pouco mais de 5 horas, fizemos uma construção partindo de sons calminhos de 90BPM’s e indo até tracks intensas na faixa 150 batidas por minuto. Nesse processo caminhamos por vertentes como Downtempo, Indie Dance, Acid House, Breakbeat, Dark Disco, Electro, Miami Bass, Psy-Trance e Techno.

Foi uma experiência sensacional poder transitar entre tanta coisa diferente em uma mesma apresentação e um dos sets que a gente mais gostou de fazer sem sombra de dúvidas.

Pesquisa Musical

Antes de começar a pesquisar, definimos primeiro qual a proposta, ou melhor, quais as propostas sonoras poderíamos explorar no evento. Optamos por delimitar nosso escopo não por gênero musical, mas sim por estética e textura sonora. Dessa forma estaríamos respeitando a identidade do evento e ao mesmo tempo conseguiríamos construir um set muito diverso.

Nossa pesquisa foi norteada pela busca por tracks com textura predominantemente sombria e/ou com elementos psicodélicos marcantes e/ou hipnóticas e/ou com elementos orgânicos. Reunimos cerca de 500 músicas, sendo metade delas materiais novos que “garimpamos” exclusivamente para o evento e a outra metade composta por sons que pesquisamos em nosso próprio acervo musical. Deu pra resgatar muita coisa legal do fundo do baú, ou melhor do HD rs.

Vibe da pista

Manter a pista interessada por mais de 5 horas consecutivas, sobretudo em um festival, não é tarefa fácil. A dica que damos é trabalhar com construções mais cadenciadas e não ter pressa de subir o BPM. Just relax and take your time.

Além disso, é importante estar sempre atento a pista e é preciso ter um arsenal de tracks muito diverso para sempre que necessário, realizar os devidos “ajustes de percurso”, afinal nem sempre a pista vai reagir conforme você havia planejado.

E aqui vai uma dica importante: tudo influencia. Durante nossa apresentação, conforme o tempo foi passando e adentrando madrugada, a temperatura foi drasticamente caindo e por este motivo optamos por deixar de lado as tracks mais hipnóticas para explorar tracks mais intensas, dançantes e groovadas.

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