Do Techno ao House genuíno de Detroit: conheça o som de Alan Becker, que acaba de estrear pela Hijacked Records

Publicado 8 de junho de 2021 | Por Marllon | Entrevistas, News

por Ágatha Prado

Quem viveu os reflexos do movimento eletrônico em suas primeiras décadas, sabe o sentimento único que a vanguarda proporciona ainda nos dias de hoje. Inspirado nas sonoridades de Detroit de 80 e 90, Alan Becker é um dos artistas que busca dentro das raízes do Techno e do House o poder da atemporalidade que permanece fascinando as pistas de dança através das gerações.

Com influência musical baseada nos discos e fitas K7 de sua mãe e do acervo que coleciona desde a juventude, Alan que agora é radicado em Campinas fez da estética Raw o pilar conceitual de sua identidade sonora. Hoje como DJ e produtor, ele acaba de estrear na Hijacked Records Detroit, gravadora comandada por Antwon Faulkner, figura ativa na capital do Techno. O brasileiro estrela o EP Learning Machines, com duas faixas originais, “This is Afrofuturism” e “Learning Machines”, essa última acompanhada de um remix do headlabel.

Conversamos com ele sobre os detalhes desse novo trabalho, e para conhecer mais a fundo as raízes que desenham sua forte identidade sonora. 

Olá Alan, tudo bem? Sua assinatura é reflexo do que você ouvia lá atrás, através do seu acervo de discos e fitas k7. Conta pra gente quais artistas que despertaram seu interesse em produzir música eletrônica e que hoje são os alicerces para sua identidade sonora.

Olá, tudo ótimo! Eu nunca tinha pensado em produzir música, muito menos eletrônica. Comecei a acreditar que era possível depois das facilidades tecnológicas que passamos a ter, computadores e softwares, mais especificamente. Sou um apaixonado por música de pista e pelo pop e synthpop dos anos 80. Como inspiração dessa época tenho o Kraftwerk. 

Depois comecei a me inspirar nas músicas que toco de desde o início da minha discotecagem, muita coisa de house  e techno de 90 como Roger Sanchez, Armand Van Helden, Danny Tenaglia, Danny Rampling, Dave the Drummer, Chris Liberator, Carl Cox e Mau Mau. Acho que carrego um pouco desses artistas comigo, mas talvez hoje o Dj Mau Mau é o que mais se aproxima do que eu ando produzindo e tocando.

Undercurrent · Undercurrent Podcast #28 – Alan Becker

O Techno e o House estilo “Raw”, são estéticas frequentes em seus lançamentos. Quais são os elementos primordiais desta estética, que não podem faltar nas suas faixas?

Tenho muita dificuldade em classificar o que eu faço, acho mais fácil classificar a música dos outros. Bom, sobre o “Raw” eu me pergunto também, o que se define como “Raw”? Na minha opinião é ausência de elementos “fancy”, de modo geral. Isso me leva a buscar por elementos mais enxutos com menos canais pra fazer o trabalho de groove, synth, percussão e stabs. Na produção gosto muito de drum machines 808 e principalmente 909, se der pra dar uma sujada nos timbres já é meio caminho. Muitas vezes uma 303 também é bem vinda, dependendo da faixa. Em suma é fazer uma música sóbria, simples, direta e que funcione…

Seu novo EP Learning Machines conquistou os olhos de Antwon Faulkner, da Hijacked. Você já mantinha um contato com ele? Como rolou esse approach?

Eu já o conhecia pelas redes sociais e por algumas tracks, mas não conhecia o seu label. Quando estava procurando um label para as músicas “Learning Machines” e “This is Afrofuturism” encontrei a “Hijacked Records Detroit” que coincidentemente era dele. Me apresentei e falei sobre as músicas. Ele ouviu, gostou e alguns dias depois do primeiro contato me pediu os stems da “Learning Machines” para  fazer um remix, me senti honrado. Não é todo dia que temos o prazer de ter nossa faixa remixada por um artista de Detroit. Depois disso, nossa amizade tem se estreitado.

Como foi o processo de produção dessas faixas? 

Meu processo de produção foi todo no Ableton 10, procuro usar o máximo de recurso nativo dele. Tanto que não uso nada externo para fazer baixos, synths e drums. Acredito que menos é mais no meu processo de criação. Atualmente faço todos os timbres que uso, para soar mais original e autêntico.

A “This is Afrofuturism“ nasceu com uma variação de efeito que fiz num Kick que eu criei e que depois virou um timbre que usei como synth. Em seguida, toda a ideia de bass, drums, percs e efeitos foi construída. Já “Learning Machines” também comecei pelo Synth, editando um loop que inverti e adicionei alguns efeitos, daí cheguei num timbre que gostei. Depois, fiz uma percussão mais discreta e minimalista para a condução da faixa.  Essa tem apenas 12 canais, que pode ser refletido em uma faixa minimalista, com menos elementos. 

O que mais está por vir nos próximos trabalhos do seu projeto?

Com a pandemia estou mais dedicado a estudar produção musical, criando mais e pesquisando outros artistas e labels. Também estou focado em descobrir novos talentos para o Lola Freak Records, que terá outros lançamentos ainda esse ano. 

Além disso, tenho mais duas tracks numa pegada mais deep/dub, assinada num label europeu que deve sair no próximo mês. Obrigado pelo espaço!

Conecte-se com a música eletrônica