Um bate-papo com Andre Salata sobre sua presença na indústria + mix exclusivo

Publicado 18 de dezembro de 2019 | Por Ramon Carvalho | Colunas, Entrevistas, News, Technocast

Mais do que um importante agente transformador da cena eletrônica brasileira, atuando de forma intensa na disseminação do ensino, Andre Salata também é um artista com uma longa história na música eletrônica, tanto como DJ ou como produtor, somando quase 15 anos de carreira. Apesar de passar boa parte de seus dias imerso no estúdio, seja transmitindo lives, gravando videoaulas de produção musical, trabalhando em mixagens e masterizações ou mesmo criando suas própria produções, Salata também tem atuado em algumas pistas importantes do Brasil e recentemente tocou em uma festa do ADE, em Amsterdam.

Nessa entrevista exclusiva com o artista, nós resgatamos um pouco de seu passado, presente e futuro, conversamos também sobre sua atuação em diferentes esferas da indústria eletrônica e ainda conseguimos um mix exclusivo que você pode ouvir logo abaixo enquanto acompanha a entrevista. Aumente o volume e deixe-se inspirar pelas palavras deste cara que é uma referência para muita gente:

Fala, Andre! É um prazer falar com você. O ano de 2019 tem sido bem especial profissionalmente, não é mesmo? Conta um pouco mais sobre o momento que você vive, produções, feedbacks recebidos, gigs…

Opa, o prazer é todo meu! Sim, esse ano tem sido bastante especial em vários aspectos, entre eles o profissional. Lancei meu EP “Free Fly” no começo do ano pela Nin92wo, que teve ótima repercussão, sendo tocado por muitos djs que são inspiração para mim, entre eles Richie Hawtin, Dave Clarke, John Digweed e Renato Ratier. Tem sido um ano que estou tocando em alguns locais que sempre tive vontade, como Londrina, Fortaleza, entre outros.

Assim como muitos artistas no cenário, você tem uma rotina bem agitada dividindo o tempo entre discotecagem, estúdio e como professor de produção musical. Qual o principal cuidado que você toma para administrar bem o seu tempo?

Administrar bem o tempo é algo que padeço bastante. Tento manter uma agenda de tarefas a serem executadas durante meu dia, assim não me perco nos jobs, mas confesso que nem sempre dá pra seguir à risca, pois é normal aparecer um ou outro ponto que não estava previsto no caminho. Enfim, no final tem dado tudo certo e minha carreira como artista e também como professor tem fluído bem.

Muita gente tem Andre Salata como referência, um artista para se espelhar. Você um dia imaginou que teria esse reconhecimento no cenário? O que ainda está na sua mira para ser conquistado?

Nunca busquei ser um artista que seja referência, apenas tenho como objetivo passar a minha verdade através da música. Claro que isso vai de encontro com pessoas que gostam e consomem minha arte, assim como eu tenho os artistas que sempre admirei. Meus objetivos seguem semelhantes desde meu início de carreira: ver os djs que gosto tocando minhas músicas e poder dividir a cabine com eles, seja no Brasil ou em qualquer outro país.

Como um formador de opinião e mestre na arte de produção musical, o que você considera essencial para um produtor se destacar? 

Um artista que queira se destacar de maneira sólida e consistente precisa ter uma identidade sonora própria. Tem que ser um artista que, acima de tudo, é feliz com sua própria música e gosta de produzir suas próprias ideias sem seguir fórmulas do que está fazendo sucesso. Isso é fundamental, pois traz a verdade do artista sempre a frente de outros aspectos, e assim ele cria uma base de fãs e produtores que sempre vão consumir sua arte.

E qual a principal característica que uma música precisa ter ou transmitir para se tornar marcante? Ela precisa ser criada racionalmente, emocionalmente ou deve ter um mix das duas coisas?

Isso é uma questão difícil, porque muitas vezes você está produzindo, sendo mais técnico/racional e de repente é tomado por um turbilhão de sentimentos, de lembranças, de estímulos que te trazem ideias durante o processo de criação. Acredito que ambos aspectos racionais e emocionais caminham juntos na produção de música para pista.

Musicalmente falando, existe algum artista ou projeto que tem chamado sua atenção nos últimos tempo?

Eu particularmente gosto de coisas meio “retardadas”. Viradas não muito óbvias, synths que aparecem e somem do nada na música, coisas que causam impacto pois você não estava esperando sempre chamam minha atenção na pista de dança.

Para finalizar, uma pergunta pessoal: de um modo geral, como professor e músico, o que mais te motiva e inspira no ramo da música? O que te faz acordar todos os dias para fazer o que você faz? Obrigado pelo bate-papo!

Compartilhar o que sei e o que sinto. Isso me inspira demais, seja como professor ou seja como artista. Conectar meus sentimentos/conhecimento com pessoas que estão abertas a isso é muito motivador. Obrigado pela oportunidade de mostrar um pouco mais do Andre Salata 🙂

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