LABELING SECOND STATE #01 – ENTREVISTA COM ROMAN LINDAU

Publicado 22 de maio de 2018 | Por Rafael Bado | Colunas, Labeling, News, Sem categoria

É sempre muito importante sabermos da história por trás das marcas, quais foram as dificuldades que houveram durante um período, como tudo foi construído, quais foram os eventos que influenciaram toda a trajetória de uma pessoa, empresa ou até mesmo de um país. Por isso, tiramos um tempo da entrevista realizada com Roman Lindau para falar com ele sobre a história da cena na Alemanha, nos transportando para a década de 90′ em Frankfrut e Berlin.

Durante esse período, a Alemanha se dividia nas cenas que rolavam na parte Oeste(Frankfurt) e Leste(Berlin), onde parte da cena ao leste Europeu era marcada pela queda do muro e uma forte influencia de artistas vindo de Chicago e Detroit como , enquanto o lado oeste, em Frankfurt era marcado pela grande movimentação feita pelo Chris Liebing e pelo Sven Vath com a Cocoon.


Eai Roman, como vocês está? Então, por primeiro de tudo, sempre que eu entrevisto alguém de algum outro país eu gosto de iniciar falando um pouco mais sobre o país. A Alemanha é um país cultural, toda sua história com guerras, movimentos sociais, e seu posterior sucesso em ter se tornado um dos países mais ricos culturalmente e economicamente são fatores que não podemos deixar de lado quando olhamos para a música de artistas Alemães, nomes como Sven Vath, Loco Dice, Chris Liebing, Tale of Us e é claro, Pan Pot e Second State. Então eu te pergunto, como você acha que a Alemanha influencia os DJ’s daí e como ela influenciou sua carreira?

Hey! Obrigado pelo convite! É claro, nós não podemos desconsiderar a história. Algumas vezes eu fico envergonhado por coisas que a Alemanha fez, mas nós podemos dizer que hoje eu tenho muito orgulho de ser Alemão, ter crescido aqui e ainda morar por aqui.

Antigamente o Sven Vath e o Chris Liebing eram as pessoas que tinham criado sua própria cena em Frankfurt, mas eu não curtia muito o estilo deles na época. A maior influencia na minha carreira como DJ e produtor foi a cena que rola em Berlin. Eu nasci e cresci durante a minha vida inteira nessa cidade. A época interessante para mim começou no início dos anos 90, logo após o muro de Berlin ter caído.No lado leste de Berlin, nós tínhamos muito problemas não resolvidos com prédios e construções, esse é o motivo do porque muitos clubs ilegais eram achados nesses lugares. Nessa época foi a época que eu explorava a cultura clubber underground. Era suja, nunca estava 100% pronta e os eventos eram realizados em construções inacabadas, estruturas que não estavam completas e locais abandonados. Os clubs em Berlin estavam nas mesmas condições depois da reunificação. Berlin nessa época era um lugar onde você podia escutar DJ’s de Detroit, Chicago, etc com uma frequência boa, DJ’s que tinham um estilo diferente dos artistas que nós estávamos acostumados. Jeff Mills, Claude Young, Carl Cox, Blake Baxter, Josh Wink, Armand Van Helden e muitos outros. Eu não consigo imaginar uma melhor introdução a música electrônica para um adolescente de 15 anos de idade.Caralho, acabei de me dar conta que isso já fazem 25 anos atrás. Uma das minhas maiores influencias na metade dos anos 90 era o Dixon de Berlin. Ele era novo, mas ele tocava sets de deep house incríveis.

Conta para nós um pouco da sua história com o Pan-Pot e a Second State. Quando vocês se conheceram pela primeira vez, como foi seu primeiro release e como é o seu trabalho com a label hoje em dia ?

Era um tempo difícil para mim lançar um release for a da gravadora da minha cidade natal, Label Fachwerk Records.. As coisa eram difícieis! Depois de um remix que eu fiz pro Michael Klein em 2016 na Second State, o Pan pot chegou para mim e perguntou “O que você acha de lançar um EP completo com a gente?”

Logo nós organizamos uma reunião com a crew inteira da gravadora. O Pan Pot estava muito confortável e afim de lançar minha música, então não demorou muito para eles tomarem a decisão de lançar um EP inteiro solo do meu projeto. Foi um daqueles momentos que eu fiquei muito confortável com a equipe da gravadora. Eu me senti muito confortável e bem recepcionado. Eu acho que isso é o que realmente importa. Da minha perspectiva, o Pan Pot é um combo fortissimo de 2 caras com o coração muito quente, entusiastas da musica e apaixonados pelo que fazem. Nós dividimos essa paixão da música eletrônica. Eu estou muito feliz deles terem me convidado para lançar na gravadora deles e eu mal posso esperar para trabalhar com eles mais vezes no futuro.

Como é seu trabalho com a Fachwerk Records? Como você iniciou, quais são seus planos, a quanto tempo você tem ela e o que podemos esperar da gravadora?

Fachwerk é a minha casa. Mike Dehnert iniciou a Fachwerk em 2007. Mais tarde Sascha Rydell e eu contribuimos com nosso som e o somda FW havia nascido. A Fachwerk sempre foi diferente, porque nós focamos em muitos poucos releases – mas cada um dos releases tem um contraste artístico especial. É fácil lançar 20 EP’s por ano sem nenhuma identidade, mas aí a gravadora acaba se tornando mais um negócio do que um selo. Nesse momento, parece que o lado business tem chamado mais a atenção das pessoas. Isso me deixa triste, porque o principal sempre te quem ser a música. Por enquanto nós decidimos parar um pouco, mas fique surpreso para o que está por vir!

Como foi o início de sua carreira? Quer dizer, na primeira track que você lançou você já ganhou suporte do Len Faki e foi convidado pro mix da Berghain do Ben Klock. Como essas coisas influenciaram sua carreira na epoca e o que você pode nos dizer da cena na Alemanha nessa época?

Claro, eu tive uma vantagem em ter trabalhado com o pessoal da Berghain. Nessa fase eu dei um salto na minha carreira e comecei a tocar regularmente na Berghain de 2009 até hoje em dia. Naquela epoca, muitos clubs foram criados, mas na minha opinião a Berghain e o Tresor eram os únicos clubs realmente underground musicalmente. A cena cresceu e cresceu e isso me faz muito feliz, ver que a Alemanha é um dos grandes exportadores de música hoje em dia, como os Estados Unidos e a Inglaterra eram no início dos anos 90. Isso me faz ter orgulho de fazer parte da cena da música eletrônica na Alemanha nos dias de hoje.

O que você pode nos dizer do mix que você gravou pra nós? Tem algum suporte ou release que tu gostaria de mencionar? Onde foi gravado?

Como um DJ, eu sempre gusto de combiner diferentes grooves. Quando eu comecei esse mix, eu não tinha muito uma estrutura planejada. Eu tentei me deixar levar pela vibe e ver o que saía Foi gravado no meu estúdio, espero que gostem !!

Qual é a label dos seus sonhos e qual artista você gostaria de algum dia ver na Fachwerk Records?
K7 Records! Eu adoraria ter o Pharrel Williams com um techno bomba groovado na Fachwerk. Longe de algo perto do hit dele “Happy”, Pharrel produziu diversos grandes artistas de hip hop nos Estados Unidos e deu a eles incríveis beats!

Por último, quais tracks suas e da Fachwerk você recomendaria para pessoas que não conhecem o seu trabalho ?

Todas as tracks! :-)))) Eu acho que nós fizemos muitas ótimas tracks. Todas elas tem sua própria nota e identidade. Mas você com certeza teria que checar:

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