Paulo Foltz caminha para se tornar um dos grandes do techno nacional

Publicado 18 de dezembro de 2018 | Por Ramon Carvalho | Colunas, Entrevistas, News

A constância no processo de evolução é um fator determinante para o desenvolvimento de um artista emergente e Paulo Foltz sabe disso. Com foco e determinação nos seus objetivos, Paulo tem crescido gradativamente no cenário da música eletrônica underground e graças a qualidade dos seus trabalhos entregues, nomes importantes da nossa indústria passaram a observá-lo.

Nesse processo, seu bom relacionamento com a Prisma Techno foi fundamental. A gravadora capixaba comandada por Thito Fabres é uma espécie de casa para o trabalho de Foltz, que no ano passado lançou o elogiado Pineal Connection, seu álbum de estreia composto por 10 faixas originais. No último dia 6, a Prisma soltou Pineal Connection Remixes, álbum de releituras do trabalho original lançado no ano passado, com remixes de nomes como Chris Hirose, Clint Stewart, Gustavo Bravetti, BLANCAh e Binaryh.

O lançamento coroa um 2018 especial para o artista da Prisma Techno, que viu seus horizontes se expandirem, aumentou sua presença no cenário nacional e, sem dúvida alguma, colheu os frutos plantados no lançamento do álbum original em 2017. A nosso convite, Paulo respondeu algumas perguntas importantes sobre o seu atual momento de carreira. Confira abaixo:

Olá, Paulo! Tudo bem? Um ano após o lançamento de Pineal Connection, como você avalia o resultado do álbum na pista e como ferramenta para o desenvolvimento de sua carreira?

Olá! Tudo ótimo! Obrigado pelo convite. O álbum original lançado no final de 2017 pela Prisma Techno, foi um divisor de águas pra mim, principalmente por se tratar de um álbum me senti mais livre para criar e foquei mais no tema a ser apresentado, na atmosfera e nos timbres, explorando em 10 faixas a sensação de como é entrar, estar e sair do estado de fluxo. O álbum é completamente espacial, todas as faixas são trabalhadas com colorações diferentes, muitas texturas e ambientação .Também brinquei bastante com os arranjos e principalmente com a bateria dando fluxo, trabalhei panorama e profundidade dentre outros aspectos.

Desde quando lançamos o álbum fui surpreendido por uma mudança positiva e radical em minha carreira e consequentemente em minha vida, rapidamente vi minhas músicas recebendo suporte e sendo tocada por grandes artistas da cena mundial, um exemplo deles foi o Richie Hawtin que manteve a ‘Mental Scanning’, faixa intro do álbum, durante 8 meses em suas apresentações. O duo Pan-Pot e o Raxon também tocaram minhas músicas em suas apresentações, dentre muitos outros artistas, todos esses suportes e o trabalho que a Prisma fez me rendeu apresentações por diversas cidades do Brasil na qual pude expressar muito da minha personalidade e visão musical, pude ter contato mais próximo com o público, conheci pessoas da cena e esse processo também fez com que eu me conhecesse melhor.

Trabalhar com um álbum durante um ano é um trabalho que envolve seu tempo, paciência e exige muito do artista. O cenário está sempre sedento por músicas novas e de uma certa forma pede para que o artista sempre esteja lançando novos trabalhos de tempos em tempos, mas um álbum merece atenção especial e é importante, por isso optei em me dedicar e focar nele. Sinto que devo a cada dia mais criar e tocar minhas próprias faixas. Quando isso vem de dentro sinto que a pista sempre reconhece.

Em quais momentos a ajuda da Prisma Techno foi realmente decisiva para o seu crescimento enquanto artista?

A Prisma é importante a todo momento, em todos os momentos o apoio, incentivo e o trabalho em conjunto têm sido decisivos para o meu crescimento – tenho um imenso carinho e gratidão pela gravadora. Thito Fabres, A&R do labe, e eu temos uma grande ligação, ele me orienta a todo momento, me dá ideias, acredita nos meus sonhos, tentamos sempre trabalhar em alinhamento. Ele é sempre o primeiro a saber de minhas ideias e criações e juntamos minhas características com a da gravadora. Porém, eu tenho liberdade para criar, experimentar, influenciar e produzir e coisas que gosto, me sinto livre e esse contato entre o artista e a gravadora é muito importante – é a melhor forma que vejo para se trabalhar hoje.

Em sua bio, você se revela como uma pessoa sentimental e perfeccionista. Como exatamente essas duas características refletem na sua música?

Eu tento ao máximo produzir músicas simples, mas com sentimentos baseados em meu emocional e também em minha forma de viver e enxergar a música. Durante o processo de produção de ‘Pineal Connection’, eu me envolvi em temas relacionados a mente humana, isso acabou mudando muito a minha personalidade, pois abordando estes temas passei a ter mais sensibilidade no estúdio e nos aspectos da vida. É preciso vivenciar isso a todo momento, vivenciar a sua música!

Quando estou produzindo faço camadas e misturas de notas para alcançar um harmônico final, tudo isso requer limpeza na mixagem, além disso trabalho com muito reverb e delays e fxs, tudo tem de estar no tempo correto na frequência exata e muito afinado. Eu passo muito tempo no processo de mixagem, acho que é aí que se encaixa o meu estilo perfeccionista… ser perfeccionista, crítico e exigente com a nossa própria linha de produção é parte da evolução.

Quais são suas principais aspirações no momento da produção musical? Na essência, o que motiva o Paulo Foltz a seguir trabalhando com música eletrônica?

Hoje eu sou apaixonado pela criação de música, é um ato artístico e uma forma de expressão a qual eu dou muita energia e dedico muita atenção a qualidade dos temas criados, todas as faixas que crio tem grande significado e trás fortes ideologias. A cada música criada sinto que estou em uma direção mais visível do que é o Paulo Foltz e para onde devo ir, sempre implantando dentro do techno um pouco de visão que se refere a conexão com nossa alma, a vida, aos seres, aos cosmos, a criação ao universo, futuro… isso pode influenciar no psicológico e na vida das pessoas seja a curto ou a longo prazo. Tenho objetivos pessoais a serem cumpridos durante minha vida e a música e o universo vão moldando tudo isso, pois ela está na minha vida a todo momento, seja na esfera pessoal, no estúdio, no bastidores ou nos palcos. Hoje, aos 31 anos de idade, não sou ambicioso mas penso grande. As palavras expansão, evolução e futuro acompanham os meus diálogos: o céu é o limite.

Qual é o sentimento de ver grandes nomes da cena eletrônica nacional e internacional remixando suas faixas no Pineal Connection Remixes?

Ter um álbum remixado por estes artistas é uma sensação muito especial e gratificante. Sou grato a todos eles por aceitarem o convite! Durante o processo de produção eu tive a oportunidade de falar e ser ouvido por eles e com isso tive a chance de contar a todos a ideologia do álbum original e percebi que todos com uma grande sensibilidade para entender e aproveitar a idéia.

Nos tornamos muito próximos durante o processo de produção, todos recriaram as faixas com maestria. As histórias em outras formas e vertentes mantendo características essenciais sem perder a identidade original mantiveram os elementos escolhidos de maneiras impressionantes, mostrando o poder de produção de cada um. Sou apaixonado de alma e coração por todos.

Percebo que para alguns jovens DJs, essa grande pressão que a indústria está acostumada a exercer sob grandes talentos é um obstáculo para evolução. Como você tem lidado com isso?

Sim, há muitos obstáculos. É difícil se manter focado, produzir, viajar, divulgar seu trabalho, fazer relacionamento… a evolução começa pelo próprio psicológico e é preciso ter calma e paciência. Ultimamente vejo muitos assuntos de depressão e ansiedade no meio da música, eu mesmo tento orientar e dou diversas dicas para novos produtores e DJs de como manter a mente  firme e não cair nessas ciladas. Também já tive momentos de desgaste emocional, mas atualmente vejo as dificuldades e o tempo como aprendizado, penso nas coisas a médio e longo prazo, reflito tudo isso como uma escalada e a cada degrau que consigo chegar olho para trás e vejo o quanto eu aprendi com as coisas que vivenciei. Cada obstáculo ultrapassado trás a evolução e por isso sou recíproco ao universo por tornar realidade tudo que vivo hoje. A palavra gratidão sempre me acompanha.

Gigs, novidades, lançamentos. O que você pode nos contar sobre os projetos para o futuro? Obrigado pelo bate-papo!

A princípio estou focado na divulgação do novo álbum ‘Pineal Connection Remixes’ que deve durar um longo tempo. Ele merece muita atenção e é um trabalho grandioso envolvendo muitos artistas. Em meados de 2019 lançarei um novo EP pela Prisma Techno e estarei atuando nos showcases da gravadora. Sinto que tenho desempenhado um papel muito importante como artista e embaixador da Prisma.

Também estou agendando outras apresentações em diversas cidades brasileiras e tenho a expectativa me apresentar fora nesse próximo ano. Agradeço pelo convite e fico feliz em poder mostrar um pouco do meu trabalho, expressar meus sentimentos, minhas idéias, meus planos e tudo o que tenho vivenciado. Obrigado!

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