Vinicius Honorio é a prova que Brasil é celeiro de grandes produtores

Publicado 12 de dezembro de 2018 | Por Felipe Valente | Entrevistas, News, Technolist

Com duas datas marcadas para o Brasil, Vinicius Honorio chega do velho continente com grande reconhecimento mundial como produtor, e após lançar por grandes gravadoras começa a se colocar entre os grandes produtores nacionais como, Whebba, Victor Ruiz, ANNA e outros, batemos um papo brave com o artista que ainda selecionou algumas track’s para nós.

Olá Vinicius, em primeiro lugar gostaria de dizer que é um prazer estar afalando contigo. Sua trajetória na música eletrônica começa através do drum n’ bass, um estilo bem diferente da sua atual linha. Você já disse várias vezes que sua paixão pelo Techno vem de longa data, desde a época que você ainda morava no Rio de Janeiro, em 2007 você se muda pra Europa, essa mudança influenciou muita nessa sua mudança de linha? Te ajudou a evoluir tecnicamente?

R-Sempre estive presente nos eventos de techno desde adolescente, houve uma forte cena de techno e música eletrônica em geral no Rio de Janeiro. Sempre tive muitos amigos envolvidos com o techno, até fiz algumas colaborações com o DJ Murphy e o Edinei (A Loca) enquanto ainda morava no Brasil. Mas acredito que naquela época, meus lançamentos mais importantes vieram com minhas produções de Drum & Bass. Aliás, foi Edinei quem me aconselhou a tentar fazer uma turnê na Europa e ver como era, o que na minha opinião, essa mudança foi essencial e foi também quando decidi levar a sério a sua carreira como DJ e produtor.E claro, meus mais de 10 anos produzindo Drum & Bass também me ajudaram muito a melhorar minha produção e aprender técnicas diferentes.

Mesmo mudando para a Europa, você sempre tem tour pelo Brasil, até mesmo porque tem contrato com a D.Agency, uma das principais agencias do Brasileiras, nesses últimos anos o quanto você acha que a cena nacional evoluiu, e você acha que sua carreira estaria no mesmo patamar se tivesse continuado por aqui?

R-Toda vez que eu volto ao Brasil, as festas são cada vez mais surpreendentes e tenho a impressão de que as pessoas estão muito bem informadas e conectadas com o que acontece com a cena techno mundial. A parceria com a D.Agency é muito especial, meu agente Stefano é demais!

Se você não está no mesmo lugar continuando no Brasil?! Infelizmente não. Quando morei em São Paulo, trabalhei em um clube como iluminador a noite de quinta a domingo, e durante o dia com telemarketing da Vivo, vendendo telefone celular por telefone e muito mal ganhava o suficiente para pagar as contas.  Na Europa não chove dinheiro, mas eu consigo sobreviver fazendo o que amo e com dignidade.

Quando você se apresenta aqui no Brasil, onde a cena é muito mais recente que a cena Europeia, você consegue seguir a mesma linha que que geralmente toca no velho continente ou precisa fazer pequenas adaptações no seu som?

Isso depende da festa, mas eu acredito que o trabalho do DJ e fazer as pessoas dançarem, se sentirem bem sobre a música e também apresentar as novidades do gênero. Eu levo comigo a minha visão do techno, o estilo que sou apaixonado e toco o que eu acho que as pessoas deveriam conhecer também. Quando eu consigo juntar o que gosto de jogar com o gosto da pista e sempre uma emoção especial.

Com certeza um dos pontos mais marcantes da sua carreira até aqui foi o lançamento do seu EP na Drumcode, mas alguns outros lançamentos foram crucias no início de sua carreira, como o lançamento Skeleton e Elevate, todas de grandes artistas. Sabemos que existem inúmeros produtores no mundo inteiro, como foi sua aproximação com essas label’s para que você pudesse mostrar o seu trabalho?

Eu trabalhei como assistente de reservas no Egg Club aqui em Londres por um longo tempo, o que ajudou muito a ter mais contato pessoal com DJs da cena na Europa. Lembrando desse período, tenho duas histórias interessantes; Entreguei um cd ao Dubspeeka no clube com minhas primeiras demos depois de uma gig dele, deixei anotado meu e-mail e contato telefônico. No dia seguinte ele me ligou, dizendo que não tinha drive de cd em casa, e pediu meu Skype e enviei as tracks por lá. Fechamos um single imediatamente. Ele também me deu algumas dicas de como melhorar minha produção, e falou que eu deveria investir em plugins da UAD, pela qualidade ser muito melhor do que os eu estava usando.

Com o Elevate, foi “quase” a mesma coisa. Entreguei um pendrive para o Pig&Dan em uma gig no Egg e, três meses depois, a esposa de Dan encontrou meu pendrive perdido, perguntando se ele queria os arquivos que estavam lá antes dela formatar open drive. Assim que ele ouviu as minhas tracks, ele me mandou um email e assinou todas as demos, 7 no total.

Quando falamos de qualquer forma de arte é automático falarmos de referências. Quais são suas principais referências? Você costuma trazer elementos de outros tipos de músicas para seu som?

Tudo o que acontece na minha rotina se torna referência, influência ou inspiração. É uma constante evolução e expansão em todas as direções.

Outro dia eu estava ouvindo Jamie Woon e fiquei intrigado com o modo como ele processa seus vocais ou o genial trabalho do Nirvana em suas edições de bateria, por exemplo. Como todo carioca que se orgulha, eu gosto do funk, mas os velhos da época não falavam “as novinha” nas letras ainda. 😛

Com quatro datas marcadas para América do Sul agora no mês de dezembro, com duas delas no Brasil inclusive (Momentum – Curitiba / D.Edge – São Paulo) quais são suas expectativas para essas datas?

Ouvi dizer que Curitiba tem clubs impressionantes e uma forte cena techno, eu estou ansioso pra chegar a data logo. Em São paulo, eu vou fechar o evento do D.Edge Fest Culture  no clube, e mal posso esperar para tocar um set longo. Todos as gigs no Brasil são sempre especiais para mim.

Vínicius, muito obrigado pelo seu tempo e deixo aqui um espaço caso queira dar algum recado para o público.

Isso pode soar um pouco brega, mas persiga seus sonhos e sonhe alto, faça o que você ama, não desista, trabalhe duro.

O mundo  é  pequeno e nos vemos na pista!

Conecte-se com a música eletrônica