Papo Tech | Talles Domit compartilha sua visão sobre teoria musical
Para chegar até o resultado final de algo, é preciso conhecer as etapas do processo. Na produção musical não é diferente. Porém, com a tecnologia que temos em mãos nos dias atuais, é comum que muitos produtores mais novos façam músicas apenas no “feeling” e acabem deixando a parte mais técnica de lado, pulando os estudos sobre teoria musical e criando suas músicas com a facilidade que a tecnologia proporciona.
Para falar sobre o assunto, nós convidamos Talles Domit, artista de descendência sírio-libanesa que carrega um carinho especial pela música — principalmente a clássica — e por isso entende muito bem a importância de saber a teoria. Na música eletrônica, sua identidade traz um pouco de cada um destes universos, resultando em um som refinado e elegante que transita entre o Deep e o Progressive House. Talles estuda piano, está mergulhando também no violino e sempre em busca de conhecer o máximo dos elementos presentes dentro da estrutura musical.
A nosso convite, ele discorreu um pouco sobre o assunto no seu processo de produção:
Talles Domit
Obrigado galera do Techno Perfect por esse espaço!
Hoje sabemos que há uma grande divisão entre opiniões, alguns dizem que produzem no feeling e a coisa anda, sem saber notas e etc., enquanto outros dizem que sabem teoria, entendem da harmonia, acham importante o lance da estrutura… geralmente são os músicos.
Eu, por um lado, levo a opinião de que quando você sabe o que está fazendo, a coisa fica mais fácil, ou seja, conhecer notas, cadências e progressão de acordes é ótimo. Pode ser um papo meio confuso pra quem tá começando, mas com o tempo você cria o tal feeling. Estudo teoria musical até hoje, ainda não sei tudo, são infinitas as possibilidades, mas com o pouco que sei tive um suporte espetacular.
Alguns iniciantes dizem que a track deles precisa de uma cor, eu comento: “procura sobre progressões de acordes, cadências, que vai te ajudar muito”. No momento em que começo um projeto, eu escolho a escala pelo sentimento que ela passa, basicamente sabemos que escala alegre é a escala maior, a triste, escala menor.
Sabendo essa primeira parte já vai agilizar muito o processo de composição. O segundo passo é saber qual o intervalo de cada escala, chamados Tom e Semi-tom (T-st), isso já adianta muito mais, nessas condições entra o feeling, e se não consigo acertar a escala, recorro a internet. Como arranjar tudo isso que é o problema. Eu tive alguns bem no início, não saia do loop, depois comecei a pesquisar a anatomia da música e descobri que ela possui momentos de tensão, explosão e relaxamento, e aí entra o lance de saber onde colocar as coisas. Você pega o feeling bem mais fácil.
Tem vários aplicativos que facilitam a produção, nos acordes e melodias, por exemplo: scale do Ableton faz com que saia qualquer coisa que você queira, é só selecionar a fundamental pronto! Não condeno o uso dos aplicativos, minha opinião é que deixa o ouvido preguiçoso e sempre vai depender de algum plugin pra que saia algo. Um conselho pra ser compartilhado é: aprenda a teoria musical aos poucos e você vai ver o quanto muda a sua música.
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